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domingo, 27 de junho de 2010

A volta da chuva ácida


Cientistas alertam para um risco que parecia resolvido

Trinta anos atrás ela era um dos maiores problemas ambientais, ao lado do buraco na camada de ozônio. Agora, a chuva ácida pode estar ensaiando uma volta; desta vez, causada por substâncias químicas diferentes.

Emissões de nitrogênio provenientes de veículos e de fertilizantes estariam se combinando à chuva para criar ácido nítrico - uma combinação diferente daquela dos anos 70 e 80, provocada pelas emissões de ácido sulfúrico de termoelétricas.

O resultado é um renovado e grave risco ambiental para florestas, rios e animais silvestres, uma vez que o ácido nítrico, da mesma forma que o sulfúrico, mata plantas, peixes e insetos ao sequestrar importantes nutrientes do solo, como potássio, cálcio e magnésio.



Ao mesmo tempo, a substância contribui para a liberação de minerais potencialmente tóxicos, como o alumínio, que pode ser carreado por cursos de água. A preocupação começa a ganhar corpo nos EUA, onde diversos cientistas expressaram seus temores na "Scientific American".

Países não conseguem cumprir metas

O problema existe também na Europa.

- A questão não deixou de existir - afirma Ed Dearnley, especialista em qualidade do ar da ONG britânica Proteção Ambiental.

Na verdade, muitos países europeus não conseguirão alcançar as novas metas de poluição do ar por nitrogênio, que entram em vigor no fim deste ano, de acordo com o Protocolo de Gotemburgo, de 1999, que tenta fazer pela poluição do ar o que o Protocolo de Kyoto tentou fazer pelas mudanças climáticas: resolver o problema reduzindo emissões.

O Reino Unido, por exemplo, dificilmente conseguirá cumprir seu limite de emissão de óxido de nitrogênio. O mais provável é que o exceda em 5% - menos do que França e Espanha, que devem ficar cerca de 30% acima do limite.

Nos EUA, embora as emissões de dióxido sulfúrico tenham sido reduzidas em quase 70% de 1990 a 2008, as emissões de óxido de nitrogênio caíram apenas em 35% ao longo do mesmo período.

Segundo William Schlesinger, presidente do Instituto Cary de Estudos do Ecossistema de Nova York, não resta dúvida de que a superfície terrestre acumula cada vez mais nitrogênio.

Para o especialista, a discussão sobre aquecimento global permitiu aos EUA ignorar o problema do nitrogênio que, segundo ele, será a grande questão ambiental no futuro próximo. O nitrogênio atmosférico não é apenas responsável pela chuva ácida; ao se acumular na Terra, pode causar, por exemplo, o crescimento descontrolado de algas.

(Michael McCarthy, do Independent)
(O Globo, 23/6)

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